CORRENTEZAS DO TEMPO


CORRENTEZAS DO TEMPO

Hoje, parado num sinal de trânsito, fui abordado por um rapazola que bateu no vidro da porta do meu carro. Uma cena deprimente. Completamente drogado, sujo, mãos trêmulas, olhar sofrido, palavras desconexas. Imediatamente transportei-me a um passado não muito distante e mergulhei no rio das lembranças. Deslizei nas correntezas do tempo e senti algo muito forte batendo em mim. No olhar embaçado daquele jovem um rosto muito familiar apareceu. Sorriso claro entre telas, tintas e pincéis. E a saudade explodiu a lágrima que escorreu. Porque a vida é assim? Minutos depois, coincidência ou não, no dial da JB FM desfilava Ney Matogrosso declamando, em melodia, essa obra prima que Cazuza escreveu aos 17 anos. Haja coração!

Magroalmeida
P0032.2016.02

POEMA

Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo
Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim
De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
,Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás


Cazuza